sexta-feira, 7 de março de 2008

Luís Aguiar trouxe 15 Kg de erva do Uruguai



O café está para os europeus, especialmente os latinos, como o mate para os sul-americanos. Essa bebida, à base de ervas, que se prepara num recipiente próprio (cuia), com água a ferver, e se vai bebendo através de uma espécie de palha metálica (bomba).
Os brasileiros chamam-lhe chimarrão e são sobretudo os do sul que o consomem. Mas esta espécie de chá está disseminada por quase toda a América do Sul, nomeadamente nas zonas onde os índios (quícha, ayamará e guarani), que inventaram a bebida, deixaram a herança para as gerações futuras: Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Vem este intróito a propósito daquilo que passou a ser uma novidade, quase uma excentricidade do ponto de vista ocidental, nos treinos da Académica. Além de surgir quase sempre de manga curta, logo pela manhã, mesmo nos dias mais gélidos, Luís Aguiar passou a ser uma atracção para os menos conhecedores da cultura sul-americana e desse curioso hábito de ir para todo o lado com o termo debaixo do braço.
Diz que não faz ideia do quanto consome por dia, mas assegura que o produto é natural, e não lhe causa qualquer influência na actividade física. É um vício, não há nada a fazer. «No Uruguai, toda a gente anda com o seu mate e vai bebendo ao longo do dia. É muito bom, sobretudo entre um grupo de amigos. Vamos conversando e bebendo, descontraidamente», desvenda.
O problema é encontrar os ingredientes necessários num país onde não existe esta tradição «É o drama dos uruguaios. Quando vimos para a Europa, trazemos uma mala só para a erva. Eu, por exemplo, trouxe 15 quilos», confessa, com um sorriso, o camisola 10 da Académica, antes de explicar como prepara a sua poção: «Coloco a erva na cuia e junto-lhe a água muito quente, depois ponho um pouco de água fria, para inchar, mas tudo dentro da medida certa, para que a erva não fique empastada.»
Como perito na matéria, Luís Aguiar distingue os vários tipos de mate e mostra-se, como não podia deixar de ser, apreciador daquele que se faz no seu país. «O da Argentina, por exemplo, leva açúcar e o do Paraguai é feito com sumo. Eu prefiro o nosso, que é amargo», admite.
Quando estava no E. Amadora, o jovem uruguaio tinha em Maurício, o companheiro perfeito para aquelas tardes de convívio ao sabor de um mate. Agora, na Académica, vai mantendo o hábito com Edgar. Isto enquanto não consegue convencer outros colegas a provar a sua especialidade.