segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Briosa de bacalhau


A Académica conseguiu, quase no final do encontro, impedir que o Nacional somasse a terceira vitória consecutiva fora de portas e pudesse, assim, assumir o comando isolado da Liga, ainda que à condição. Um golo de Nuno Piloto, que já havia estado na origem do tento dos nacionalistas, fixou o empate e deu mais um ponto à Briosa, que continua sem perder em casa há mais de 10 meses. Para Manuel Machado, ficou a satisfação de ter voltado a Coimbra para, mais uma vez, calar os críticos, mantendo a apetência para nunca perder na cidade do Mondego ao comando dos adversários dos estudantes.

Os insulares exibiram os preceitos do costume, mostrando uma calma impressionante, como que a tentar adormecer o adversário, para, ao mínimo descuido, lhe desferir o golpe fatal. Aconteceu logo aos 23 minutos, quando Nuno Piloto, ironicamente um dos jogadores em melhor forma na Académica, perdeu a bola para Nené em zona proibida e lhe estendeu um autêntico tapete vermelho para o golo.

Era tudo o que o Nacional podia pedir, talvez tenha apenas chegado um pouco mais cedo. Com a lição bem estudada, os insulares cerram fileiras, acantonaram-se no seu meio-campo e reduziram os espaços. Nas poucas excepções, os jogadores da Académica estiveram piores do que desinspirados: desastrados, displicentes, desconcentrados.

Foi como se não estivessem em campo. Melhor prova disso foi o desentendimento entre Pedrinho, Berger e Tiero, uns segundos antes da perda fatal de Piloto, e, pouco depois, a atrapalhação de Peskovic que deixou passar por baixo do pé uma bola atrasada por um companheiro e só não concedeu um frango do tamanho da Torre da Universidade porque conseguiu recuperar mesmo a tempo!

Intervalo fez bem à Briosa

O intervalo foi, pois, bom companheiro para os estudantes, que voltaram mais afoitos dos balneários e com dois novos jogadores: Pavlovic e Garcés, que entraram para os lugares de Diogo Gomes e Sougou. Com Piloto mais adiantado e cheio de vontade de se redimir pelo erro, a baliza do Nacional passou a estar mais vezes sob mira dos donos da casa.

A pressão da Briosa era, contudo, insuficiente para criar verdadeiro perigo - com excepção para alguns remate de meia-distância - e foi nesta altura que veio ao de cima a capacidade para quebrar jogo dos nacionalistas. Com muitas perdas de tempo mas também com uma postura táctica inquebrantável, os comandados de Manuel Machado irritavam o público e mantinham as camisolas pretas longe da baliza de Bracalli.

Pelo meio, ainda houve alguma polémica, devido a um fora-de-jogo assinalado a Garcés, que, mesmo assim, se isolou e atirou para o fundo da baliza já depois de o árbitro ter apitado.

Ainda assim, a partida assumiu sentido único, o das redes insulares, durante o último quarto-de-hora, de longe o melhor momento da contenda. Nuno Piloto obteve a redenção ao fazer o empate e, logo a seguir, Tiero acertou no poste. O capitão da Académica ainda teve nos pés a oportunidade de virar o resultado por completo, mas faltou-lhe a força no último remate.