segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Académica 1 - 3 Benfica



Pode um calcanhar cair do céu. Pode. Se viu o Académica-Benfica sabe do que estou a falar.
Este jogo demorou mais do que o costume a começar e tudo porque Nuno Assis, que Camacho tinha escalado para a direita, se lesionou num choque com Pavlovic. Quando tudo se resolveu, o Benfica aparecia desenhado de forma diferente, com dois avançados em vez de apenas um, Cardozo ao lado de Nuno Gomes. E Rui Costa sobre a direita, com Binya e Katsouranis no meio.
Do outro lado, a Académica trazia cinco novidades em relação à última derrota, a maior das quais Ricardo, herói do Varzim que afastou o Benfica da Taça na última época, no lugar do histórico Pedro Roma. E três avançados muito móveis, apoiados por NDoye.
O resultado foi um jogo equilibrado e a dificuldade do Benfica em pegar na bola à frente de Luisão e David Luiz, de volta após prolongada lesão. Por estranho que parecesse, os «encarnados», obrigados a ganhar para manter a pressão sobre o F.C. Porto, cometiam muitas faltas em frente à área. Numa dessas, NDoye rematou, recebeu de volta da barreira e um ressalto colocou a bola à disposição de Lito, logo o melhor marcador da Académica. Golo.
Surpresa? Sim, porque ninguém fizera muito por marcar. Mas premiava a boa atitude da equipa de Domingos, mais ousada do que é costume. O Benfica demorou a responder e o passar do tempo acentuava o equívoco de Camacho. No meio, Binya e Katsouranis eram de menos para organizar, manter Rui Costa na ala era um crime.
Sem meio e sem direita, a solução chegou de Di María, que minutos antes tinha rematado à barra. Desta vez explorou a fragilidade de Nuno Piloto, correndo do flanco para o meio. Falta. Livre. Rui Costa. Golo. A desvantagem demorou nove minutos.
Ao intervalo estava assim: 1-1 e curiosidade em perceber se Camacho ia manter as coisas.
Um calcanhar caído do céu
Manteve. E o Benfica passou muito tempo sem rematar. Até que o treinador espanhol decidiu colocar Petit e, substituição mais importante, trocar Nuno Gomes por Adu. Finalmente a equipa voltava a ter um extremo sobre a direita e um meio-campo organizado.
Os «encarnados» melhoraram logo um bocadinho, mas a Académica foi tentando incomodar. E conseguiu fazê-lo. O Benfica colocava inteligência na organização do jogo, mas sem criar oportunidades. Estranhava-se que não fizesse mais, mas a verdade é que a dez minutos do final só restava aos adeptos a fé de voltar a aparecer um golo perto do fim, como no passado. E assim foi.
Num lançamento de Binya, Ricardo, a aposta de Domingos Paciência, falhou o cruzamento e Luisão, só com Kaká, finalizou de calcanhar. O guarda-redes ainda chegou à bola antes da linha de golo, mas com tamanha infelicidade que só conseguiu empurrá-la mais depressa para o fundo.
Com três minutos para jogar, a Académica entregou-se e o Benfica voltou a marcar, desta vez por Adu, também com algumas culpas para o guarda-redes que na época passada ajudou a afastar os "encarnados" da Taça, com a camisola do Varzim. Injusto? Não existe tal coisa no futebol. Enganador? Sim, o resultado não reflecte o equilíbrio, apenas premeia a tardia vontade de ganhar do Benfica.
Suficiente para Camacho encostar a sua equipa ao F.C. Porto, somar a quina vitória, fugir do Sporting e preparar com tranquilidade o clássico de sábado. Muita coisa boa para quem jogou pouco. A Académica explicou que não vale a pena ter medo dos grandes. Para a próxima será mais feliz. A mágica Briosa não merecia o desfecho final do encontro...